quinta-feira, 15 de agosto de 2013

OS AMORES DE ZEUS

O rei dos deuses não se dedicava apenas a desgraçar os homens. Também procurava

fazer as mortais felizes, sobretudo aquelas que lhe agradavam... e foram muitas.

Embora fosse casado com a deusa Hera, Zeus teve inúmeras aventuras amorosas.

Sua legítima esposa era ciumentíssima e não gostava nem um pouco das escapulidas do

marido. Quando vinha a saber que ele tinha ido visitar uma mortal, ficava louca de

raiva. Sua cólera só se aplacava quando ela se vingava da mortal ou dos filhos que essa

mulher tivera com o deus. Hera estava sempre de olho em Zeus, que fazia de tudo para

escapar à sua vigilância.

Zeus gostava de assumir a aparência de algum bicho a fim de evitar a desconfiança

de suas bonitas vítimas. Usou dessa artimanha para se aproximar da bela Leda. A jovem

acabara de se casar com Tíndaro, rei da Lacedemônia. Zeus se transformou em cisne

e, fingindo-se perseguido por uma águia, refugiou-se junto da jovem rainha, que o

acolheu em seus braços. Aproveitando-se dessa terna proteção, ele se uniu a ela e lhe

deixou dois ovos de tamanho incomum. De um nasceram dois gêmeos, Castor e Pólux;

do outro, duas irmãs, Clitemnestra e Helena. Essa união permaneceu secreta, e

Tíndaro acreditou que tinha dado quatro filhos à sua jovem esposa.

Os filhos nascidos das uniões passageiras de Zeus com as mortais tiveram um

destino bem particular. Alguns conquistaram grande poder, como Minos, que se tornou

um dos três juizes do Inferno.

A mãe de Minos era humana e se chamava Europa. Zeus tinha visto a moça quando

ela jogava bola com as amigas à beira-mar. Impressionado com a delicadeza da sua

silhueta e com a pureza de seus traços, não resistiu ao desejo de conhecê-la melhor.

Não longe dali, pastavam touros novos. Ele se misturou ao rebanho na forma de um

touro ainda mais bonito que os outros, notável por sua brancura e pelo vigor dos

músculos.

Europa ficou encantada com o esplendor do animal e a ternura do seu olhar. Sem

medo do tamanho do touro, ela se aproximou dele, acariciou-o demoradamente e,

confiante, montou nele. Nesse momento, o deus a raptou diante dos olhares impotentes das

outras moças e a carregou pelos ares, acima do mar. O casal desapareceu no

horizonte. Conta-se que Zeus levou Europa a Creta, onde ela deu à luz Minos.

Quando estava na terra, Zeus nunca se mostrava em sua forma divina. Somente

uma vez desobedeceu a essa regra.

Tinha seduzido Sêmele, filha de Cadmo, rei de Tebas. A jovem mulher só se

encontrava com ele à noite, portanto não conhecia a fisionomia do amante. Ela sabia

que Zeus era um deus porque ele lhe sussurrara isso mais de uma vez. Hera, morrendo

de ciúme ao ver o divino esposo apaixonado por uma mortal novamente, armou uma

cilada para a rival.

Foi ter com Sêmele, sob a aparência de uma velhinha:

"Minha filha, peça-lhe como prova de amor que ele se mostre tal como é nos céus

ao lado da esposa. Assim, você terá certeza de não ter sido enganada por um impostor."

Essas palavras fizeram a dúvida surgir no coração da jovem. Ela quis ver o amante e

pediu que ele lhe fizesse um favor, mas não disse qual era. O deus aquiesceu, e quando

soube do que se tratava, era tarde demais: dera sua palavra. Tentou então desencorajar a

moça. Em vão. Quanto mais procurava dissuadi-la, mais ela insistia.

Obrigado a cumprir o que prometera, ele se revelou em toda a sua potência,

resplandecendo em relâmpagos. Ora, nem os olhos nem o corpo de uma mortal eram

capazes de suportar o brilho daquela luz tão viva, e a infeliz nem teve tempo de entender

isso: pereceu imediatamente, fulminada.

Acontece que Sêmele estava no sexto mês de gravidez, e Zeus se apressou a salvar o

filho que ela trazia no ventre. Para dar continuidade à gestação, o deus abriu, na própria

coxa, uma bolsa e nela colocou a criança. Depois, fechou-a com grampos de ouro. Quando

o tempo fixado pelo destino chegou a seu termo, Zeus deu à luz Dioniso. Embora nascido

de uma mãe mortal, o menino, por causa do pai, era imortal.

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