quarta-feira, 28 de agosto de 2013

A ATENÇÃO

Perturbações Mentais onde a atenção fica prejudicada:
 
Sabe-se, desde os primórdios da semiologia psicopatologica, no século XIX, que a atenção quase sempre está alterada nas perturbações mentais graves.
Esquirol (1772-1840) afirmou que "a atenção é fugitiva no maníaco, concentrada no monomaníaco (melancólico, delirante) e vaga e difusa no demente" (Mattos, 1884).
Perturbações do humor (depressão e perturbação bipolar), perturbação obsessivo-compulsiva (POC), esquizofrenia e perturbação de déficit de atenção/hiperactividade (PDAH).
 
Os pacientes com perturbações do humor têm importantes dificuldades de concentração e atenção constante. São típicas certas alterações da atenção dos estados depressivos e dos estados maníacos.
Há, por sua vez, nos quadros maníacos, diminuição da atenção voluntária e aumento da atenção espontânea, com hipervigilância e hipotenacidade. A atenção do indivíduo em fase maníaca salta rapidamente de um estímulo poporcional à gravidade do estado depressivo.
ara outro, sem se fixar em algo. Nos quadros depressivos, geralmente há diminuição geral da atenção, ou seja, hipoprosexia. Em alguns casos graves, ocorre a fixação da atenção em certos temas depressivos (hipertenacidade), com rigidez e alguma diminuição da capacidade de mudar o foco da atenção (hipovigilância). Isso acontece pelo facto de o indivíduo estar em depressão grave, muitas vezes voltado totalmente para si, concentrando em conteúdos de fracasso, doença, culpa, pecado, ruína, etc.
Em pacientes deprimidos, o desempenho prejudicado em tarefas de atenção constrante é, de modo geral, proporcional à gravidade do estado depressivo. A atenção selectiva sensorial é geralmente menos afetada.
Já o POC apresenta atenção ou vigilância excessiva e desregulada. O paciente demonstra alterações no controlo executivo (funções frontais), na memória de trabalho (intimamente relacionada à atenção) e na selecção de respostas.
Na esquizofrenia, o déficit de atenção é central. A filtragem de informação irrelecante geralmente consiste numa dificuldade importante dos sujeitos acometidos. Pacientes esquizofrénicos costumam ter dificuldades em anular adequadamente estímulos sensoriais irrelevantes enquanto realizam determinada tarefa; são muito susceptíveis a distrair-se com estímulos visuais e auditivos externos. Sob testagem neuropsicológica, os pacientes com esquizofrenia revelam lentificação no tempo de reacção em consequência da distractibilidade, não conseguem informações interferentes e têm grande dificuldade com a atenção constante, talvez por essa forte tendência à distractibilidade.
Na PDAH, há dificuldade marcante de prestar atenção a estímulos internos e externos, pois o paciente, geralmente criança ou adolescente, tem a capacidade prejudicada em organizar e cmpletar tarefas, assim como relutância em controlar os seus comportamentos e impulsos. Pacientes com PDAH revelam, em estudos de imagem cerebral, alterações no sistema frontal. A atenção constante prejudicada parece ser um aspecto primário e central dessa condição. A dificuldade é maior quando se faz necessário um estado de vigilância para detectar informação infrequente, sobretudo quanto tal informação não é motivacionalmente importante para o sujeito. Crianças com PDAH têm prejuízo relacionado à filtragem de estímulos irrelevantes à tarefa (embora seja questionável se a filtragem atencional é ou não o principal problema das pessoas com PDAH).

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