Psicologia do
DesenvolvimentoContribuições
Teóricas
Sigmund Freud (1856-1939)
· Propõe, à data, um novo e radical modelo da
mente humana, que alterou a forma como pensamos sobre nós próprios, a nossa
linguagem e a nossa cultura. A sua descrição da mente enfatiza o papel
fundamental do inconsciente na psique humana e apresenta o comportamento humano
como resultado de um jogo e de uma interacção de energias.
· Freud contribuiu para a eliminação da
tradicional oposição básica entre sanidade e loucura ao colocar a normalidade
num continuum e procurou compreender funcionamento do psiquismo normal
através da génesis e da evolução das doenças psíquicas.
· Estudo do desenvolvimento psíquico da pessoa
a partir do estádio indiferenciado do recém-nascido até à formação da
personalidade do adulto.
· Muitos dos problemas psicopatológicos da
idade adulta de que trata a Psicanálise têm as suas raízes, as suas causas, nas
primeiras fases ou estádios do desenvolvimento.
· Na perspectiva freudiana, a “construção” do
sujeito, da sua personalidade, não se processa em termos objectivos (de
conhecimento), mas em termos objectais.
· O objecto, em Freud, é um objecto libidinal,
de prazer ou desprazer, “bom ou mau”, gratificante ou não gratificante, positivo
ou negativo.
· A formação dos diferentes estádios é
determinada, precisamente, por essa relação objectal. (Estádios: Oral,
Anal, Fálico, Latência, Genital)
A sua teoria sobre o
desenvolvimento da personalidade atribui uma nova importância às necessidades da
criança em diversas fases do desenvolvimento e sobre as consequências da
negligência dessas necessidades para a formação da
personalidade
|
Erik Erikson (1904-1994)
· A teoria que desenvolveu nos anos 50 partiu
do aprofundamento da teoria psicossexual de Freud e respectivos estádios, mas
rejeita que se explique a personalidade apenas com base na
sexualidade.
· Acredita na importância da infância para o
desenvolvimento da personalidade mas, ao contrário de Freud, acredita que a
personalidade se continua a desenvolver para além dos 5 anos de
idade.
· No seu trabalho mais conhecido, Erikson
propõe 8 estádios do desenvolvimento psicossocial através dos quais um
ser humano em desenvolvimento saudável deveria passar da infância para a idade
adulta. Em cada estádio cada sujeito confronta-se, e de preferência supera,
novos desafios ou conflitos. Cada estádio/ fase do desenvolvimento da criança é
importante e deve ser bem resolvida para que a próxima fase possa ser superada
sem problemas.
· Tal como Piaget, concluiu que não se deve
apressar o desenvolvimento das crianças, que se deve dar o tempo necessário a
cada fase de desenvolvimento, pois cada uma delas é muito importante. Sublinhou
que apressar o desenvolvimento pode ter consequências emocionais e minar as
competências das crianças para a sua vida futura.
"Human personality in principle develops according to
steps predetermined in the growing person's readiness to be driven toward, to be
aware of and to interact with a widening social radius"
Erik
Erikson.
|
Jean Piaget (1896-1980)
·
Jean Piaget (1896-1980)
foi um dos investigadores mais influentes do séc. 20 na área da psicologia do
desenvolvimento. Piaget acreditava que o
que distingue o ser humano dos outros animais é a sua capacidade de ter um
pensamento simbólico e abstracto. Piaget acreditava que a maturação biológica
estabelece as pré-condições para o desenvolvimento cognitivo. As mudanças mais
significativas são mudanças qualitativas (em género) e não qualitativas (em
quantidade).
·
Existem 2 aspectos
principais nesta teoria: o processo de conhecer e os estádios/ etapas pelos
quais nós passamos à medida que adquirimos essa habilidade.
· Como biólogo, Piaget estava interessado em
como é que um organismo se adapta ao seu ambiente (ele descreveu esta capacidade
como inteligência) - O comportamento é controlado através de organizações
mentais denominadas “esquemas”, que o indivíduo utiliza para representar
o mundo e para designar as acções.
· Essa adaptação é guiada por uma
orientação biológica para obter o balanço entre esses esquemas e o ambiente em
que está. (equilibração). Assim, estabelecer um desequilíbrio é a
motivação primária para alterar as estruturas mentais do
indivíduo.
· Piaget descreveu 2 processos utilizados pelo
sujeito na sua tentativa de adaptação: assimilação e acomodação.
Estes 2 processos são utilizados ao longo da vida à medida que a pessoa se vai
progressivamente adaptando ao ambiente de uma forma mais complexa.
o Capta as grandes tendências do pensamento da
criança
o
Encara as crianças como
sujeitos activos da sua aprendizagem
Lev Vygotsky
(1896-1934)
·
Lev Vygotsky desenvolveu
a teoria socio-cultural do desenvolvimento cognitivo. A sua teoria tem
raízes na teoria marxista do materialismo dialéctico, ou seja, que as mudanças
históricas na sociedade e a vida material produzem mudanças na natureza
humana.
·
Vygotsky abordou o
desenvolvimento cognitivo por um processo de orientação. Em vez de olhar para o
final do processo de desenvolvimento, ele debruçou-se sobre o processo em si e
analisou a participação do sujeito nas actividades sociais → Ele propôs que o desenvolvimento não precede a
socialização. Ao invés, as estruturas sociais e as relações sociais levam ao
desenvolvimento das funções mentais.
·
Ele acreditava que a
aprendizagem na criança podia ocorrer através do jogo, da brincadeira, da
instrução formal ou do trabalho entre um aprendiz e um aprendiz mais
experiente.
·
O processo básico pelo
qual isto ocorre é a mediação (a ligação entre duas estruturas, uma
social e uma pessoalmente construída, através de instrumentos ou sinais). Quando
os signos culturais vão sendo internalizados pelo sujeito é quando os humanos
adquirem a capacidade de uma ordem de pensamento mais elevada.
•
Ao contrário da imagem de Piaget
em que o indivíduo constrói a compreensão do mundo, o conhecimento sozinho,
Vygostky via o desenvolvimento cognitivo como dependendo mais das interacções
com as pessoas e com os instrumentos do mundo da criança
• Esses instrumentos são reais: canetas,
papel, computadores; ou símbolos: linguagem, sistemas matemáticos,
signos.
Teoria de
Vygotsky do Desenvolvimento Cognitivo
·
Vygostsky sublinhou as
influências socioculturais no desenvolvimento cognitivo da
criança:
n
O desenvolvimento não pode ser
separado do contexto social
n A
cultura afecta a forma como
pensamos e o que pensamos
n
Cada cultura tem o seu
próprio impacto
n O
conhecimento depende da
experiência social
· A criança desenvolve representações mentais
do mundo através da cultura e da linguagem.
· Os adultos têm um importante papel no
desenvolvimento através da orientação que dão e por ensinarem (“guidance and
teaching”).
·
Zona de
Desenvolvimento Proximal
(ZDP) – intervalo entre a resolução de problemas assistida e
individual.
·
Uma vez adquirida a
linguagem nas crianças, elas utilizam a linguagem/discurso interior, falando
alto para elas próprias de forma a direccionarem o seu próprio comportamento,
linguagem essa que mais tarde será internalizada e silenciosa – Desenvolvimento
da Linguagem.
Konrad Lorenz (1903-1989)
·
Zoólogo austríaco, ornitólogo e
um dos fundadores da Etologia moderna (estudo do comportamento
animal)
·
Desenvolveu a ideia de um mecanismo
inato que desencadeia os comportamentos instintivos (padrões de acção fixos) →
modelo para a motivação para o comportamento
· Considera-se hoje que o sistema
nervoso e de controlo do comportamento envolvem transmissão de informação e não
transmissão de energias.
· O seu trabalho empírico é uma
das grandes contribuições, sobretudo no que se refere ao IMPRINTING e aos
PERÍODOS CRÍTICOS
·
o imprinting é um
excelente exemplo da interacção de factores genéticos e ambientais no
comportamento – o que é inato e específico na espécie e as propriedades
específicas da aprendizagem;
·
O trabalho de Lorenz
forneceu uma evidência muito importante de que existem períodos críticos
na vida onde um determinado tipo definido de estímulo é necessário para o
desenvolvimento normal. Como é necessária a exposição repetitiva a um estímulo
ambiental (provocando uma associação com ele), podemos dizer que o imprinting é
um tipo de aprendizagem, ainda que contendo um elemento inato muito
forte.
Henri Wallon (1879 – 1962)
·
Wallon procura explicar os
fundamentos da psicologia como ciência, os seus aspectos epistemológicos,
objectivos e metodológicos.
- Considera que o homem é determinado fisiológica e socialmente, sujeito às disposições internas e às situações exteriores.
- Considera que o homem é determinado fisiológica e socialmente, sujeito às disposições internas e às situações exteriores.
·
Wallon propõe a psicogénese
da pessoa completa (psicologia genética), ou seja, o estudo integrado do
desenvolvimento.
o
Para ele o estudo do
desenvolvimento humano deve considerar o sujeito como “geneticamente social” e
estudar a criança contextualizada, nas relações com o meio. Wallon recorreu a
outros campos de conhecimento para aprofundar a explicação dos factores de
desenvolvimento (neurologia, psicopatologia, antropologia, psicologia
animal).
· Considera que não é possível
seleccionar um único aspecto do ser humano e vê o desenvolvimento nos vários
campos funcionais nos quais se distribui a actividade infantil (afectivo, motor
e cognitivo).
· Vemos então que para ele
não é possível dissociar o biológico do social no homem. Esta é
uma das características básicas da sua Teoria do Desenvolvimento.
Burrhus F. Skinner (1904 – 1990)
· Psicólogo Americano, conduziu
trabalhos pioneiros em Psicologia Experimental e defendia o
comportamentalismo / behaviorismo
(estudo do
comportamento observável).
· Tinha uma abordagem
sistemática para compreender o comportamento humano, uma abordagem de
efeito considerável nas crenças e práticas culturais correntes.
·
Fez investigação na área da
modelação do comportamento pelo reforço positivo ou negativo (condicionamento). O condicionamento operante
explica que um determinado comportamento tem uma maior probabilidade de se
repetir se a seguir à manifestação do comportamento se apresentar de um
reforço (agradável). É uma forma de condicionamento onde o comportamento
acabará por ocorrer antes da resposta.
·
A
aprendizagem, pode
definir-se como uma mudança
relativamente estável no potencial de comportamento, atribuível a uma experiência -
Importância dos estímulos ambientais na aprendizagem
Albert Bandura (1925-presente)
· É, tal como Skinner, da linha behaviorista da
Psicologia. No entanto enfatiza a modificação do comportamento do
indivíduo durante a sua interacção. Ao contrário da linha behaviorista radical
de Skinner, acredita que o ser humano é capaz de aprender comportamentos sem
sofrer qualquer tipo de reforço. Para ele, o indivíduo é capaz de aprender
também através de reforço vicariante, ou seja, através da observação do
comportamento dos outros e de suas consequências, com contacto indirecto com o
reforço. Entre o estímulo e a resposta, há também o espaço cognitivo de cada
indivíduo.
·
É um dos autores associado ao
Cognitivismo-Social, uma teoria
da aprendizagem baseada na ideia de que as pessoas aprendem através da
observação dos outros e que os processos do pensamento humano são centrais para
se compreender a personalidade:
·
As pessoas aprendem pela
observação dos outros.
·
A aprendizagem é um
processo interno que pode ou não alterar o comportamento.
·
As pessoas comportam-se
de determinadas maneiras para atingir os seus objectivos.
·
O comportamento é
auto-dirigido (por oposição a determinado pelo ambiente)
·
O reforço e a punição têm
efeitos indirectos e impredizíveis tanto no comportamento como na aprendizagem.
· Os adultos (pais, educadores, professores)
têm um papel importante como modelos no processo de aprendizagem da
criança.
Urie Bronfenbrenner
(1917 – presente)
· Um dos grandes autores que desenvolveu a
Abordagem Ecológica do Desenvolvimento Humano: o sujeito desenvolve-se em
contexto, em 4 níveis dinâmicos – a pessoas, o processo, o contexto, o
tempo.
· A sua proposta difere da da Psicologia Científica
até então (70’s): privilegia os aspectos saudáveis do desenvolvimento, os
estudos realizados em ambientes naturais e a análise da participação da pessoa
focalizada no maior nº possível de ambientes e em contacto com diferentes
pessoas.
·
Bronfenbrenner explicita a necessidade dos pesquisadores
estarem atentos à diversidade que caracteriza o homem – os seus processos
psicológicos, a sua participação dinâmica nos ambientes, as suas características
pessoais e a sua construção histórico-sócio-cultural.
·
Define o desenvolvimento humano como “o
conjunto de processos através dos quais as particularidades da pessoa e do
ambiente interagem para produzir constância e mudança nas características da
pessoa no curso de sua vida" (Bronfenbrenner, 1989, p.191).
·
A Abordagem Ecológica do
Desenvolvimento privilegia estudos longitudinais, com destaque para instrumentos
que viabilizem a descrição e compreensão dos sistemas da maneira mais
contextualizada possível.
Bronfenbrenner - Abordagem Ecológica do Desenvolvimento
Humano: o sujeito desenvolve-se em contexto, em 4 níveis dinâmicos – a
pessoas, o processo, o contexto, o
tempo.
|
Arnold Gesell (1880-1961)
·
Psicólogo Americano que se especializou na área do
desenvolvimento infantil. Os seus primeiros trabalhos visaram o estudo do atraso
mental nas crianças, mas cedo percebeu que é necessária a compreensão do
desenvolvimento normal para se compreender um desenvolvimento
anormal.
·
Foi pioneiro na sua metodologia de observação e
medição do comportamento e, portanto, foi dos primeiros a implementar o estudo
quantitativo do desenvolvimento humano, do nascimento até à
adolescência.
· Realizou uma descrição detalhada e
total do desenvolvimento da criança; realça, com base em pesquisas rigorosas e
sistemáticas, o papel do processo de maturação no desenvolvimento.
· Gesell e colaboradores caracterizaram
o desenvolvimento segundo quatro dimensões da conduta: motora, verbal,
adaptativa e social. Nesta perspectiva cabe um papel decisivo às maturações
nervosa, muscular e hormonal no processo de desenvolvimento.
· Desenvolveu, a partir dos seus resultados, escalas para
avaliação do desenvolvimento e inteligência.
· Inaugurou o uso da fotografia e da observação através
de espelhos de um só sentido como ferramentas de investigação
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